sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O INSETO

- Alô!
- Por favor, gostaria de falar com Dona Mariazinha.
- Um momento. (ela escuta a voz da empregada chamando a dona da casa)
- Alô!
- D. Mariazinha, boa tarde, aqui é Ana Maria, do colégio do Joaõzinho
- Ai Meu Deus! O que aconteceu agora?
- Ana Maria engoliu em seco. Há menos de uma semana, quando o colégio fez um piquenique na cidade vizinha,a professora simplesmente “esqueceu” a irmã de três anos do Joaõzinho no Parque. Por sorte uma vizinha reconheceu a menina e a trouxe para casa. Foi um rebuliço só. D. Mariazinha passou mal e quis dar queixa na policia. A cidade era pequena e todos logo ficaram sabendo do acontecido e da incompetência do colégio, tão caro e tão displicente, irresponsável, essa era a palavra que D. Mariazinha falava aos altos brados para quem quisesse ouvir, sempre botando a mão no peito enquanto se esforçava para respirar. Ai que eu morro, dizia. Ameaçou tirar os filhos do colégio e foi persuadida a não fazê-lo pelos amigos e inúmeros pedidos de desculpa da diretoria e do corpo docente. Com a demissão da professora e das duas auxiliares a coisa foi se acalmando um pouco.
Ana Maria era jovem, solteira e muito amiga da irmã caçula de D. Mariazinha. Era também a supervisora do colégio e por causa disso, encarregada de resolver os pepinos que apareciam e esse não era tão pequeno quanto parecia.
- Não, D. Marianinha fique calma que está tudo bem.
- Ah. Bom
- É que aconteceu um incidente hoje na hora do recreio e ...justo com a turma do Joãozinho, e como sei que na saída do colégio haverá comentários, achei por bem informar a senhora primeiro...
- Mas, o que houve? A voz continuava preocupada.
- Bem é que...um dos meninos foi comer o sanduiche e encontrou um inseto....
- Da turma do Joãozinho?

- Mas isso convenhamos Ana Maria é um absurdo. A firma que fornece a merenda deveria ter um selo de controle de qualidade do agente sanitário.
- Isso já foi verificado e eles realmente o têm
- Que menino foi, Ana Maria?
- Ah, pois é me informaram agora que foi o Joãozinho.
-(Pausa) Olha Ana Maria, você dê graças a Deus de não ter sido a irmã dele, porque aquela se tiver uma formiguinha daquelas quase invisíveis, aquelas ruivinhas, sabe?
-Sei sim senhora
-Então, se tiver uma zinha daquelas no doce, ela chora, passa mal é um problema.
- Foi uma formiguinha, Ana Maria, que ele comeu?
- Silêncio.
- Ana Maria?
- É, não, D. Mariazinha, felizmente ele viu o inseto antes de comer, As anteninhas estavam pra fora.
-Anteninhas? Que inseto era?
-Bem.....uma barata, D. Mariazinha
-Alo, Alô d. Mariazinha....Acho que ela desmaiou.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A canção de qualquer mãe

Esse é um lindo texto da escritora Lya Luft, que resolvi compartilhar aproveitando o Dia das Mães.





Que nossa vida, meus filhos, tecida de encontros e desencontros, como a de todo mundo, tenha por baixo um rio de águas generosas, um entendimento acima das palavras e um afeto além dos gestos – algo que só pode nascer entre nós. Que quando eu me aproxime, meu filho, você não se encolha nem um milímetro com medo de voltar a ser menino, você que já é um homem. Que quando eu a olhe, minha filha, você não se sinta criticada ou avaliada, mas simplesmente adorada, como desde o primeiro instante.
Que, quando se lembrarem de sua infância, não recordem os dias difíceis (vocês nem sabiam), o trabalho cansativo, a saúde não tão boa, o casamento numa pequena ou grande crise, os nervos à flor da pele – aqueles dias em que, até hoje arrependida, dei um tapa que ainda agora dói em mim, ou disse uma palavra injusta. Lembrem-se dos deliciosos momentos em família, das risadas, das histórias na hora de dormir, do bolo que embatumou, mas que vocês, pequenos, comeram dizendo que estava maravilhoso. Que pensando em sua adolescência não recordem minhas distrações, minhas imperfeições e impropriedades, mas as caminhadas pela praia, o sorvete na esquina, a lição de casa na mesa de jantar, a sensação de aconchego, sentados na sala cada um com sua ocupação.
Que quando precisarem de mim, meus filhos, vocês nunca hesitem em chamar: mãe! Seja para prender um botão de camisa, ficar com uma criança, segurar a mão, tentar fazer baixar a febre, socorrer com qualquer tipo de recurso, ou apenas escutar alguma queixa ou preocupação. Não é preciso constrangerem-se de ser filhos querendo mãe, só porque vocês também já estão grisalhos, ou com filhos crescidos, com suas alegrias e dores, como eu tenho e tive as minhas. Que, independendo da hora e do lugar, a gente se sinta bem pensando no outro. Que essa consciência faça expandir-se a vida e o coração, na certeza de que aquela pessoa, seja onde for, vai saber entender; o que não entender vai absorver; e o que não absorver vai enfeitar e tornar bom.
Que quando nos afastarmos isso seja sem dilaceramento, ainda que com passageira tristeza, porque todos devem seguir seu caminho, mesmo que isso signifique alguma distância: e que todo reencontro seja de grandes abraços e boas risadas. Esse é um tipo de amor que independe de presença e tempo. Que quando estivermos juntos vocês encarem com algum bom humor e muita naturalidade se houver raízes grisalhas no meu cabelo, se eu começar a repetir histórias, e se tantas vezes só de olhar para vocês meus olhos se encherem de lágrimas: serão apenas de alegria porque vocês estão aí. Que quando pareço mais cansada vocês não tenham receio de que eu precise de mais ajuda do que vocês podem me dar: provavelmente não precisarei de mais apoio do que do seu carinho, da sua atenção natural e jamais forçada. E, se precisar de mais que isso, não se culpem se por vezes for difícil, ou trabalhoso ou tedioso, se lhes causar susto ou dor: as coisas são assim. Que, se um dia eu começar a me confundir, esse eventual efeito de um longo tempo de vida não os assuste: tentem entrar no meu novo mundo, sem drama nem culpa, mesmo quando se impacientarem. Toda a transformação do nascimento à morte é um dom da natureza, e uma forma de crescimento.
Que em qualquer momento, meus filhos, sendo eu qualquer mãe, de qualquer raça, credo, idade ou instrução, vocês possam perceber em mim, ainda que numa cintilação breve, a inapagável sensação de quando vocês foram colocados pela primeira vez nos meus braços: misto de susto, plenitude e ternura, maior e mais importante do que todas as glórias da arte e da ciência, mais sério do que as tentativas dos filósofos de explicar os enigmas da existência. A sensação que vinha do seu cheiro, da sua pele, de seu rostinho, e da consciência de que ali havia, a partir de mim e desse amor, uma nova pessoa, com seu destino e sua vida, nesta bela e complicada terra. E assim sendo, meus filhos, vocês terão sempre me dado muito mais do que esperei ou mereci ou imaginei ter

segunda-feira, 28 de março de 2011

ACHEI NA NET (Desconheço a autoria dessa pérola)

Visita de rotina aos médicos.
Todo ano a mesma peregrinação. Mastologista,ginecologista, oftalmologista, dentista...
Mas um dia, resolvi incluir um "ISTA" novo na minha odisséia....
Um DERMATOLOGISTA... Já era hora de procurar uns creminhos mágicos para tentar retardar ao máximo as marcas da inevitável entrada nos ENTA.


Na verdade, sentia-me espetacular. Tudo certo.
Ninguém podia cantar para mim a ridí­cula frase da Calcanhoto 'nada ficou no lugar....'

Mas não sei o que deu no espelho lá de casa, que resolveu, do dia para a noite, tomar ares de conto de fadas. Aliás, de bruxas. E mostrar coisinhas que nunca haviam aparecido (ou eu não havia notado?).

Pontinhos azuis nos tornozelos, pintinhas negras no colo, nos braços, bolinhas vermelhas na bunda... olheiras mais profundas...
Como assim???
Assim... Sem avisar nem nada.
De repente, o idiota resolveu mostrar e pronto.
Ah, não! Isso não vai ficar assim.
Um "ista" novo na lista do convênio.O melhor.
Queria o melhor especialista de todos os "istas"!
Achei.
Marquei. E fui tão nervosa quanto para um encontro 'bem intencionado' daqueles em que a gente escolhe a roupa íntima com cuidado, que é para não fazer feio.... nem parecer que foi uma escolha proposital... sabe como é, né?
Pois sim. O sujeito era um dermatologista famoso.
Via e cutucava a pele de toda a nata feminina e masculina da cidade...
Assim, me armei de humildade.
Disposta a mostrar cada defeitinho novo que estava observando, através do maquiavélico e ex-amigo espelho de meu quarto.
Depois de fazer uma ficha com meus dados, o 'doutor' me olhou finalmente nos olhos, e perguntou:
'O que lhe trouxe aqui?'
Fiquei vermelha como um tomate. E muda.
Ele sorriu e esperou.

Quase de olhos fechados, desfiei minhas queixas.
Ele observou 'in loco' cada uma delas, com uma luz de 200wtz e uma lupa...
E começou o seu diagnóstico.
'As pintinhas são sinais do Sol, por todo o Sol que já tomou na vida. Com a IDADE (tóin!) elas vão aparecendo, cada vez mais numerosas. Vai precisar de um protetor solar para sair de casa pela manhã, mesmo sem ir à praia. Para dirigir inclusive. Braços e pernas e rosto e pescoço.
E praia? Evite. Só de 6 às 10 da manhã, sob proteção máxima, guarda sol, óculos e chapéu. Bronzear-se, nunca mais.'

-Ahmmm... (a turma só chega às 11:00 !!!!)
-'Os pontinhos azuis são pequenos vasos que não suportam a pressão do corpo sobre saltos altos.Evite. Use sapatos com solado anabela ou baixos, de preferência. Compre uma meia elástica, Kendall, para quando tiver que usar saltos altos.
-Ahmmmaaaa... (Kendall??? E as minhas preciosas sandalinhas???)
-'As bolinhas na bunda são normais, por causa do calor. Para evitá-las use mais saias que calças. Evite o jeans e as calcinhas de lycra. As de algodão puro são as melhores... E folgadas...'
- Ahmnunght?? ?? (e pude 'ver' as de minha mãe, enormes na cintura, de florzinhas cor de rosa..... vou chorar!).
- 'As olheiras são de família. Não há muito que fazer. Use esse creminho à noite, antes de dormir e procure não dormir tarde. Alimentação leve, com muita fruta e verdura, pouca carne e muito peixe. Nada de tabaco, nem álcool... Nem café.'
E então a histérica aqui­ começou a rir...
Agradeci, peguei suas receitinhas e saí­ rindo, rindo....
Me dobrando de tanto rir!
No carro comecei a falar sozinha...
Tudo o que deveria ter dito e não disse:
'Trabalho muito, doutor,... muitas noites vou dormir às 2h, escrevendo e lendo.
Bebo e fumo. Tomo café. Saio pelas noites de boemia com os amigos e seus violões para as serenatas de lua cheia... E que noites!!!!
Adoro os saltos, principalmente nas sandálias fininhas. Impossível a meia elástica(argh!!). Calcinhas de algodão? E folgadas??? Adoro as justinhas e rendadas... E não abandono meu jeans nem sob ameaça de morte!!! É meu melhor amigo!!!!
Dormir lambuzada? Neste calor? E minhas duchas frias com sabonete Johnson para ficar fresquinha como um bebê, cada noite?
E nada de praia??? O senhor está louco é??? Endoideceu foi??? Moro no Recife, com esse mar e tudo...E tenho só 40 anos....
Meia vida inteira pela frente!!!
Doutor Fulustreco, na minha idade não vou viver como se tivesse feito trinta anos em um!!!
Até um dia desses tinha 39...
E agora em vez de 40 estou fazendo 70???

Inclua aí na sua lista de remédios... para as de 40 a 60, MEIA LUZ...
Acho que é só disso que eu preciso.
Um bom abajur com uma luz de 15wts...

E um namorado que use óculos...
É isso... só isso!!! Entendeu????'

Parei no sinal e olhei de lado... e um cara de uns 25 anos piscou o olhou para mim. Ah... e ele nem usava óculos!

Nunca fiz o que me recomendou o filistreco ...
Minhas olheiras são parte de meu charme..
E valem o que faço pelas noites a dentro... Ah!!! se valem!
As bolinhas da bunda desapareceram com uma solução caseira de vitamina A, que quase todas as mulheres usavam e eu não sabia, até que contei minha historinha do 'bruxo mau'.
Os sinaizinhos estão aqui... sem grandes alardes... e até que já acho bonitinho.
O espelho é muito menor... o outro, eu dei a minha filha.

E meu namorado diz que estou cada dia mais linda! Principalmente quando estou de saltos e rendas, disposta a encarar uma noite de vinhos e música.
É claro que ele usa óculos.
Mas quando quero ficar fatal, tiro os seus óculos... e acendo o abajur.

'No mundo sempre existirão pessoas que vão te amar pelo que você é, e
outras, que vão te odiar pelo mesmo motivo.
Acostume-se....
O melhor ‘ISTA’ é ser OtimISTA


Adorei e copiei.

terça-feira, 22 de março de 2011

Países não têm amigos, têm interesses

Fico acompanhando no noticiário esse incrível dominó em que se transformou a insurreição dos povos africanos contra seus ditadores. Inevitavelmente o grito pela liberdade sempre foi o som mais alto de se ouvir de um povo oprimido.
Mas, me pergunto se não há alguma influência externa alimentando essa seguida e contínua insurreição, de país a país, ou se é, de fato, um caso de explosão de “não agüentamos mais”.
Sempre comparei o ódio a um meteorito. Ele vem vindo, vai crescendo em calor e raiva e quando finalmente explode, salpica por todo lado sua baba mortal. Como dizia a música do Erasmo “Pode vir quente que estou fervendo”. Resultado, até esfriar já fez muito estrago.
No caso das guerras, esse ódio cresce proporcionalmente ao efeito de “toda ação corresponde a uma reação” e, alimentada pelo poderio bélico e interesse das nações opressoras só acaba quando a essência é alcançada, ou seja, a rendição e a posse pelo vencedor daquilo que interessa, geralmente petróleo.
O Haiti nunca interessou aos senhores da guerra pela simples razão de não ter lá nada para barganhar. Ao contrario da Síria de Gadafhi.
Muamar Gadafhi sempre foi um tirano. Está no governo há mais de 40 anos e nunca foi importunado. Recebia em seu país os líderes governistas, inclusive o nosso ex-presidente, que lá iam tratar de negócios (o país é rico em petróleo) e fechavam os olhos para o que acontecia ao povo. Agora os árabes pediram aos Estados Unidos que interviessem no país onde o ditador estava matando os insurgentes de seu próprio povo. A Inglaterra e França enviaram aviões e entraram logo em ação, com o consentimento da ONU, claro.
Acontece que os Estados Unidos tinham um histórico de Afeganistão e Iraque e não iriam de forma nenhuma invadir mais um. Com os atuais problemas econômicos que enfrentam não cairia bem ao governo de Obama mais uma investida com seus soldados. Seria mais um gasto astronômico. Entretanto, mísseis de longo alcance lançados de seus navios no mediterrâneo poderiam fazer o “serviço”. E fizeram, com certeza, alcançando inclusive a residência do caudilho. Vai daí os árabes negaceiam suas cabeças cobertas de mantos alvos e dizem: “Não precisava exagerar, bastava dar um susto”.
Os Estados Unidos sempre entram pra quebrar, com eles não há nem nunca existiu sutileza. Será que não sabiam disso? Ou será o medo de perder o petróleo? O do Iraque já foi.

domingo, 13 de março de 2011

Após longo e tenebroso inverno.......eis-me de volta graças a influência de minha nora e netos. Hoje, domingo, dia de descanso e meditação, verifico na internet o cáos por que passa o Japão.
Esse e outros acontecimentos mais recentes nos levam a pensar no futuro, um futuro onde a Mãe Natureza mais e mais mostra a que veio, em resposta ao que nós, humanos, fizemos e continuamos a fazer com ela, durante tantos anos. Não é possível que não consigamos captar as mensagens, nada sutís, que ela nos envia. As autoridades de todo o mundo se reunem, comem, bebem, discutem e não chegam a nenhuma conclusão positiva sobre o que fazer para conter o fim deste planeta que se despedaça aos poucos num gemido cada vez mais alto. É nisso que irei pensar enquanto olho meu jardim. Feliz domingo!